Com o apoio de todos os vereadores, encaminhamos correspondência à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania – CCJ, do Senado Federal, onde Tramita o Projeto de Lei que institui o Plano Nacional de Educação – PNE, solicitando a manutenção, na relatoria, da meta 4 do referido plano, ou seja, sem alterações de emendas propostas, tal qual foi encaminhado ao senado pela Câmara dos Deputados.
Tal situação se justifica, pois de
acordo com o texto ora relacionado ao relatório do Exmo. Sr. Senador José
Pimentel ao Plano Nacional de Educação - PNE (PLC 106/2012), em discussão no Senado
Federal e já aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), e em discussão
na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania -CCJ, o atendimento escolar
aos estudantes com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento ou superdotação,
deve ser universalizado na rede regular de ensino, sem opção de matrículas em
escolas de educação especial.
Nesse sentido, a meta do jeito que ela está redigida não
prevê o financiamento das escolas de educação especial e sem esse
financiamento, as APAE’s e outras escolas não tem como continuar a oferecer a
educação especializada para os estudantes, pois retira das entidades a possibilidade
de oferecer o atendimento especial substitutivo à educação escolar na rede
regular, como pode ser feito hoje em dia. Por isso, nós, vereadores da Câmara
Municipal de Ubá-MG, defendemos e indicamos a manutenção da palavra "preferencialmente"
na redação da Meta 4 do projeto sobre o PNE.
Podemos destacar que na convenção da ONU [para a pessoa com
deficiência], esta possibilidade já existe e dá direito de fazer a opção pela
matrícula onde quiser. Sendo assim, as entidades representativas que ofertam
educação especial, defendem que a população seja ouvida sobre essa
possibilidade de enfraquecimento das escolas especiais e possam ter o direito
de optar entre a educação a ser ofertada pela rede pública e o atendimento
especializado já institucionalizado, antes da aprovação do PNE, pois a escola
especial pode oferecer tanto a educação escolar quanto o atendimento
educacional especializado, complementar. A redação do substitutivo aprovado na
CAE ao projeto do PNE restringe a atuação das escolas especiais a apenas esta
última modalidade.
Ainda, reforçamos nosso
pedido ao considerarmos que no Estatuto da Criança e Adolescente, no artigo Art.
54, item III, diz que é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente o atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino; ou seja já possibilita que a prestação deste serviço
possa ser oferecido fora da rede regular de ensino.
Salientamos ainda, o trabalho realizado pelas APAE’s, nas
áreas da Educação, Saúde e Assistência e Desenvolvimento Social, que teve
início no Rio de Janeiro, em 11.12.1954, numa iniciativa da norte-americana
Beatrice Bemis, esposa de um membro do corpo diplomático de seus país e mãe de
uma criança com síndrome de Down, com objetivo de prover o bem-estar de
pessoas, portadoras de necessidades especiais e para preencher uma lacuna nas políticas
públicas, que o governo não consegue atender até os dias atuais.
Dessa forma, a maioria maciça das pessoas com portadoras de
necessidades especiais, principalmente intelectual, não tinham espaço na
sociedade, nem acesso a atendimentos básicos necessários ao seu
desenvolvimento. Com o passar do tempo, por meio de trabalho, pesquisa, profissionalismo
e atenção às questões relativas à prevenção de deficiências, defesa de direitos
e promoção de serviços especializados, as APAE’s conquistaram o direito de
receber, através de celebração de convênios, com minuciosa prestação de contas,
recursos financeiros para alguns serviços prestados.
Por meio de seus programas de acessibilidade, as APAE’s
buscam defender direitos de pessoas que precisam dos serviços ofertados pela
instituição para o desenvolvimento de potencialidades que lhes permitem ingressar
na escola, no mercado de trabalho e em todo espaço da sociedade. Portanto, a luta das APAE’s não está em receber um
recurso para manter uma educação mais adequada e especializada e muito menos
custeada por recursos públicos como na rede comum. A luta está na defesa dos
direitos destes alunos que precisam de profissionais e atenção especializada
para ter suas potencialidades desenvolvidas para que possam ser incluídos na
escola comum, no mercado de trabalho e nos espaços sociais que desejarem.
Consideramos, ainda,
gostaríamos de saber em qual sala de aula regular, onde há portadores de
necessidades especiais, que estes realmente se encontram incluídos? Incluir não
é estar presente na mesma sala de aula, mas participar das atividades,
acompanhar a evolução da turma, enfim, se sentir incluído. Neste ponto, questionamos
quantas escolas no país possuem material didático em braile? Quantas escolas
possuem espaço físico adequado? Quantas escolas possuem profissionais habilitados
para diagnósticos e acompanhamentos? Quantos professores dominam libras?
Quantos professores são capacitados para lidar com autistas, portadores de Síndrome
de Down, problemas neurológicos diversos ou outros casos que interferem na
cognição e, consequentemente no processo de ensino aprendizagem? Quantos alunos
então, neste contexto, se sentiriam incluídos na atual situação da educação no
país?
Portanto, não percebemos
que haja escolas, na atualidade, preparadas para a inclusão, tanto na questão
da infraestrutura física, quanto na existência de profissionais diversos para
atendimentos à estes alunos, bem como educadores com a devida capacitação para
este fim.
Somos sabedores que nos
últimos anos ocorreram avanços nas políticas públicas voltadas para inserção do
aluno, portador de necessidades especiais, na rede regular de ensino, mas muito
aquém das reais necessidades dos mesmos, dos pais e de realmente termos uma
política de inclusão que não acabe por excluir ainda mais os alunos.
Assim, salientamos e
reforçamos a importância da existência de entidades como as APAE’s e refutamos
qualquer iniciativa que possibilidade o contrassenso de prejudicar o
atendimento à população pelo excelente trabalho realizado por estas
instituições, com a alteração proposta da meta 4 do Plano Nacional de Educação.
Esperamos contar com o apoio dos membros
da Comissão e Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal
.
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